Reinaldo

500 dias: O amanhã por respostas

Um ano depois, a pergunta que se estendeu na Orla de Praia Vermelha permanece. Camila Marins conta que se apoia no legado de Marielle para continuar seguindo com as pautas de Marielle contra o racismo e o extermínio da população negra, pobre e periférica.
“Nós já somos alvos dessa sociedade racista. E isso ficou ainda mais evidente com o assassinato dela. Somos os corpos mais vulneráveis nesses espaços. Por isso é tão importante que a gente apoie todas as mulheres negras que estão na política, as que estão acessando o parlamento pela institucionalidade, para que consigamos fazer um corpo coletivo de apoio, de segurança, de cuidado dessas mulheres negras. E a morte dela simbolizou isso.”

Já Valquíria Rosa afirma que o assassinato de Marielle colocou num lugar de alerta e percepção. “Foi um ano emblemático porque existe um propósito muito grande de eliminação de quadros políticos. Tanto quadro políticos mais antigos quanto quadro políticos mais novos. Ou matando, ou levando ao desgaste máximo”, avalia.

A ativista avalia que o crime também explicitou uma violência que é presente e diária: “A gente viveu este desgaste tendo que restabelecer energia criativa, de luta de vida, mas dentro de um desgaste muito grande. Nós, população negra, LGBT, mulheres e pobres, não temos acesso ao direito e à justiça. O Brasil vive explicitamente em um estado de exceção. Dentro disso, é o salve-se quem puder”.

“A gente precisa mudar as nossas estratégias, quando a gente precisa realmente prestar muita atenção umas às outras e nos protegermos entre nós. E entender que somos nós por nós”, diz.

Hoje, Valquíria afirma que, para ela, é um dever lembrar a imagem de Marielle em todos os lugares que houver oportunidade. Para não se esquecer, em nome e pela vida de todas as mulheres negras, lésbicas, pobres e periféricas que, como ela, esperam há mais de 365 dias por respostas.

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