Reinaldo

Deputadas estaduais eleitas Renata Souza, Mônica Francisco e Dani Monteiro carregam legado de Marielle e também novas propostas

Após o crime brutal de 14 de março de 2018, a figura de Marielle Franco ultrapassou as fronteiras do Rio de Janeiro e se multiplicou ao ser referenciada nos quatro cantos do país como símbolo de lutas das mulheres, dos pobres, dos negros, dos favelados e da população LGBT. No entanto, ainda em vida Marielle já se constituía como referência e tinha como um dos seus objetivos ajudar a impulsionar a representatividade das mulheres negras nos espaços de decisão.
Além do trabalho que desenvolvia como vereadora, um dos principais projetos de Marielle chamava “Mulheres na Política” e estava em fase de desenvolvimento. A ideia era estimular um movimento de mulheres que tivesse participação mais efetiva na política institucional. Alguns encontros e debates aconteceram até serem interrompidos pelo crime, em março do ano passado. Mas não se encerraram por aí. Após o assassinato, foi pensando no projeto e em outras conversas que Renata Souza, Mônica Francisco e Dani Monteiro, todas do PSOL, três mulheres negras, que trabalhavam como assessoras do mandato de Marielle, construíram suas candidaturas como deputadas estaduais do Rio de Janeiro e foram eleitas.

“A gente sabe que a luta institucional é só um meio pra gente fortalecer e utilizar como ferramenta para as lutas sociais. Sabemos também que estar hoje nesta Casa, que historicamente negou espaço para as mulheres, as mulheres negras, a população de favela e periferia, não só de se sentirem representados, mas terem voz e vez é, sem dúvida, uma responsabilidade enorme”, afirma Renata Souza, ex-chefe de gabinete de Marielle.

Ela foi eleita com quase 64 mil votos - a deputada estadual mais votada entre os partidos de esquerda do Rio. Mulher, negra e criada na favela da Maré, na zona norte da cidade, ela se formou jornalista na PUC-Rio com bolsa integral e hoje, aos 36 anos, é pós-doutoranda em comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Assim como Marielle, trabalhou por 10 anos com Marcelo Freixo (PSOL), atualmente deputado federal, na Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio. Na última semana de fevereiro, Renata voltou a atuar na mesma comissão, agora como a primeira mulher negra a assumir a sua presidência.

Colega de Marielle e Renata na Comissão de Direitos Humanos, Mônica Francisco, de 48 anos, assumiu no último mês a presidência da Comissão de Trabalho e Renda, além da vice-presidência da CPI do Feminicídio da Alerj. Ela foi eleita também com votação expressiva, somando 40,6 mil votos. Nascida no Morro do Borel, na zona norte do Rio, Mônica é cientista social, pastora evangélica e militante dos direitos humanos há mais de 30 anos.


Já Dani Monteiro, de 27 anos, foi a mais jovem deputada estadual eleita no Rio nas últimas eleições e agora ocupa a vice-presidência da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. Natural do Morro de São Carlos, também na zona norte, Dani é estudante cotista do curso de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Ela constrói o setorial de favelas do PSOL do Rio, é membro do Movimento Negro Unificado (MNU) e uma das fundadoras do Movimento RUA Juventude Anticapitalista.

“Desde quando a gente foi eleita tem uma frase que está sendo norteadora da nossa atuação aqui dentro que é: ‘um pé na institucionalidade, mil pés fora dela’. A gente está aqui dentro da institucionalidade por meio de um mandato que tem como foco questões que são invisibilizadas no nosso estado, que é juventude negra, mulheres, favela. A gente traz essas questões para dentro, mas o mais importante é que a gente quer levar isso também para fora”, explica Monteiro.

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